sábado, 17 de setembro de 2016

Um ataque de pânico.


Desde que decidi expor, publicamente, algumas das minhas vivências no âmbito da já famosa fase marada, tenho recebido várias mensagens – de feedback, de incentivo, de agradecimento, mas também com questões e dúvidas.

Cada vez mais acho que este projeto faz todo o sentido e não me arrependo minimamente de o ter iniciado. Eu e a Rita, que sem ela isto não seria de todo possível (como, aliás, já escrevi aqui).

Bem, mas onde eu queria mesmo chegar é à parte em que recebo variadas mensagens, que me fazem perceber – na sua maioria – que o medo inicial que tinha em relação a este blog e à exposição inerente é largamente compensado por tudo o resto.

Algumas das perguntas mais frequentes que me colocam dizem respeito aos ataques de pânico. “Afinal, o que é um ataque de pânico?”; “Eu acho que tenho, mas não sei o que é”; “O que é que se sente? O que é que tu sentias?”.

Ora bem, a primeira coisa que quero dizer é que cada caso é um caso. Para mim, não há qualquer dúvida em relação a isto (embora haja, de facto, quem discorde). É evidente que os ataques de pânico estão classificados no âmbito das doenças de saúde mental, a síndrome do pânico também. Mas, dentro do rol de sintomatologia inerente à doença, cada pessoa é uma pessoa. Uns poderão experimentar sintomas que outros não experimentarão, cada qual encarará sintomas e reagirá a estes de formas diferentes, e por aí fora. Tudo isto faz com que, realmente, cada caso seja um caso e, portanto, cada percurso seja um percurso.

Fazendo o paralelo para as “mais aceites” – infelizmente – doenças físicas, duas pessoas que tenham uma gripe poderão reagir de formas diferentes, o que faz com que a cura, embora semelhante, possa ter de ser adaptada a cada uma das pessoas.

Posto isto, vamos ao que interessa:

Tive o meu primeiro ataque de pânico em maio de 2015, num sábado à noite, enquanto me preparava para ir dormir. Sem razão nenhuma. Vindo do nada – os ataques de pânico, normalmente, aparecem quando menos se espera, num momento em que achamos que não há motivo aparente, ao contrário do que seria expectável.

Senti a cabeça à roda, tive a certeza de que ia desmaiar naquele momento – não chegou a acontecer, nunca desmaiei nem neste contexto nem em nenhum outro -, o meu coração disparou, doeu-me a barriga, tive vómitos e falta de ar... Enfim, o pior cenário possível, como podem perceber. Assustei-me a valer. Eu, hipocondríaca confessa (aqui),  pensei que estava a ter um ataque cardíaco e que não ia sobreviver. Quanto a pior parte passou – normalmente, ao fim de 10 minutos – fui invadida por uma sensação muito estranha. Como se estivesse de ressaca. Como se estivesse dorida dos pés à cabeça. E chorei. Chorei muito. Não sei se de alívio, de medo, de tudo ao mesmo tempo.

Os meus ataques de pânico eram quase todos como aquele que descrevi em cima e que foi o primeiro. Estes eram os meus principais sintomas de um ataque de pânico.

O grande problema no meio disto tudo – ou um dos grandes problemas – foi que eu aguentei durante muito tempo os ataques de pânico: “são só 10 minutos, é horrível, é avassalador, mas passa. Passa sempre, eu aguento sozinha, não preciso de ajuda”. Errado. Totalmente errado. À conta disto, cheguei a um estado em que já não tinha ataques de pânico. Vivia, antes, num estado constante que foi o pior da minha vida. Foi o auge da fase marada.

É por isso que o melhor e mais honesto conselho que posso dar é: pedir ajuda. Sejam quais forem os sintomas. Seja o que for que se passa. Mesmo que vocês não saibam o que se passa. Não têm de passar por isso sozinhos. Pedir ajuda. Vale sempre a pena pedir ajuda. (aqui).

Teresa

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