Sou hipocondríaca. Sou mesmo
hipocondríaca. Há quanto tempo? Ora bem... Será que “desde sempre” conta como resposta? Claro que há fases e fases, há
momentos de maior e menor intensidade na escala da hipocondria, há milhares de
fatores a condicionar essa mesma intensidade. Mas lembro-me de, por exemplo,
ser pequenina – aí no alto dos meus 10 ou 11 anos – e perguntar ao meu pai:
“papi, acha que eu tenho mononucleose?”. Pronto, só para verem o género.
Ora
bem, em jeito de desabafo, queria só dizer o seguinte: é muito difícil ser-se hipocondríaco, caramba!
Vejamos,
então:
-
Ser hipocondríaca é acreditar, quase
constantemente, que padecemos de uma
qualquer doença grave;
-
Ser hipocondríaca é prestar atenção ao mínimo sinal do nosso corpo como se presta atenção a
um filho recém-nascido;
-
Ser hipocondríaca é fazer de uma simples dor de cabeça um tumor cerebral
gravíssimo ou de um mero aperto no
peito um ataque cardíaco fulminante;
-
Ser hipocondríaca é encher o histórico do nosso computador
com pesquisas sobre doenças e sintomas, até todas as entradas do
Google ficarem cor-de-rosa – sinal que já abrimos todas as páginas possíveis e
imaginárias;
-
Ser hipocondríaca é ter vontade de fazer exames a tudo e a mais alguma coisa com a
frequência com que se vai dar um passeio ao jardim ou, diria até, com a
frequência com que passamos um recibo verde no trabalho ao fim de cada mês;
-
Ser hipocondríaca é chegar a qualquer consulta médica com o diagnóstico já feito, sem
margem para qualquer dúvida, descredibilizando quem, realmente, perceberá do
assunto (espera-se!).
E
por aí fora. Ser hipocondríaca é muito mais que isto. Ser hipocondríaca pode ser desgastante. Extenuante. Mas vá, pode ter algumas vantagens... Ora,
deixem cá ver...
-
Estar
mais e melhor informado sobre a nossa saúde? Claro, se não nos deixarmos
envolver pela ansiedade e pela angústia que o sr. Google muitas vezes nos
oferece e se soubermos escolher a informação adequada, nos locais adequados;
-
Fazer check-ups de saúde regularmente, como é
aconselhável? Com certeza, desde que não corramos para o hospital ao mínimo
sintoma, numa profunda angustia e com a certeza que é desta que vamos desta para melhor.
Bom...
Em jeito de conclusão: sou hipocondríaca, sim senhores. Vivo com a minha hipocondria como quem vive com o facto de ter o cabelo
loiro. É uma parte de mim. Mas, hoje em dia, tento controlá-la e tento que
não limite o meu dia-a-dia. A minha vida. Encaro-a
como uma parte de mim, não como uma doença limitativa – como, em tempos, já
foi.
Há por aí alguém que queira desabafar em conjunto comigo? Mais alguém que padeça deste
grande mal da humanidade chamado hipocondria?
Teresa
Sem comentários:
Enviar um comentário