quarta-feira, 20 de julho de 2016

Eu, hipocondríaca, me confesso.


Sou hipocondríaca. Sou mesmo hipocondríaca. Há quanto tempo? Ora bem... Será que “desde sempre” conta como resposta? Claro que há fases e fases, há momentos de maior e menor intensidade na escala da hipocondria, há milhares de fatores a condicionar essa mesma intensidade. Mas lembro-me de, por exemplo, ser pequenina – aí no alto dos meus 10 ou 11 anos – e perguntar ao meu pai: “papi, acha que eu tenho mononucleose?”. Pronto, só para verem o género.

Ora bem, em jeito de desabafo, queria só dizer o seguinte: é muito difícil ser-se hipocondríaco, caramba!

Vejamos, então:

-       Ser hipocondríaca é acreditar, quase constantemente, que padecemos de uma qualquer doença grave;
-       Ser hipocondríaca é prestar atenção ao mínimo sinal do nosso corpo como se presta atenção a um filho recém-nascido;
-       Ser hipocondríaca é fazer de uma simples dor de cabeça um tumor cerebral gravíssimo ou de um mero aperto no peito um ataque cardíaco fulminante;
-       Ser hipocondríaca é encher o histórico do nosso computador  com pesquisas sobre doenças e sintomas, até todas as entradas do Google ficarem cor-de-rosa – sinal que já abrimos todas as páginas possíveis e imaginárias;
-       Ser hipocondríaca é ter vontade de fazer exames a tudo e a mais alguma coisa com a frequência com que se vai dar um passeio ao jardim ou, diria até, com a frequência com que passamos um recibo verde no trabalho ao fim de cada mês;
-       Ser hipocondríaca é chegar a qualquer consulta médica com o diagnóstico já feito, sem margem para qualquer dúvida, descredibilizando quem, realmente, perceberá do assunto (espera-se!). 



E por aí fora. Ser hipocondríaca é muito mais que isto. Ser hipocondríaca pode ser desgastante. Extenuante. Mas vá, pode ter algumas vantagens... Ora, deixem cá ver...

-       Estar mais e melhor informado sobre a nossa saúde? Claro, se não nos deixarmos envolver pela ansiedade e pela angústia que o sr. Google muitas vezes nos oferece e se soubermos escolher a informação adequada, nos locais adequados;
-       Fazer check-ups de saúde regularmente, como é aconselhável? Com certeza, desde que não corramos para o hospital ao mínimo sintoma, numa profunda angustia e com a certeza que é desta que vamos desta para melhor.

Bom... Em jeito de conclusão: sou hipocondríaca, sim senhores. Vivo com a minha hipocondria como quem vive com o facto de ter o cabelo loiro. É uma parte de mim. Mas, hoje em dia, tento controlá-la e tento que não limite o meu dia-a-dia. A minha vida. Encaro-a como uma parte de mim, não como uma doença limitativa – como, em tempos, já foi.

Há por aí alguém que queira desabafar em conjunto comigo? Mais alguém que padeça deste grande mal da humanidade chamado hipocondria? 

Teresa

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