terça-feira, 19 de julho de 2016

Conheci a Teresa por causa da fase marada. Mas como?


A Teresa não me conhecia de lado nenhum. A Teresa não sabia sequer se podia confiar em mim. Mas a Teresa confiou, abriu as páginas da sua vida para me ajudar, para me provar que aquele sofrimento não era solitário. Avisou-me que era difícil, que os momentos maus não passavam estalando os dedos, mas acabava todos os textos com a mesma palavra: "ACREDITA".

Lembro-me do momento em que decidi escrever no fórum: teclei até esvaziar o que sentia, tudo de uma vez, apaguei, voltei a escrever, coloquei o rato em cima do "enviar"... Desisti!
No dia seguinte, já não conseguia sair da cama, já não aguentava mais. Voltei a entrar no fórum, voltei a escrever o texto, como quem quer limpar a alma, como se o simples facto de escrever o que sentia conseguisse aliviar aquela dor. Desta vez carreguei na tecla "enviar".

Precisava desesperadamente de respostas, precisava de uma bóia, precisava de uma luz ao fundo do túnel, precisava de uma Teresa.

Lembro-me do que senti quanto li aquela primeira mensagem assinada com Tessy, lembro-me do alívio instantâneo, lembro-me da luz ao fundo do túnel, lembro-me da sensação de querer mais, querer saber mais, querer entender tudo, lembro-me de pensar de uma forma egoísta "eu preciso desta Teresa mesmo que ela não precise de mim".

As mensagens trocadas eram conversas sussurradas ao ouvido, as palavras carregavam um sofrimento tão íntimo, tão carnal ... Eu sentia o sofrimento dela da mesma maneira que ela sentia o meu. As dores passaram a ser vividas em conjunto mas as conquistas ... As conquistas passaram a ser aplaudidas à distância, comemoradas com sorrisos verdadeiros e alegria genuína.

Aquela Teresa do fórum passou a ser um pilar que ajudou a reconstruir uma Rita em pedaços.
Aquela Teresa esteve sempre lá, todos os dias, todas as horas, todos os segundos a dizer-me que acreditava em mim. E, se ela acreditava , eu também tinha que acreditar!

Só nos conhecemos meses depois e confesso o nervosismo desse dia, o receio de que a empatia afinal não acontecesse, que não passasse para o "mundo real", de não resultar cara a cara.

Mas, depois, via-a ao fundo, a caminhar em direção a mim. O meu coração acelerou ao ritmo dos passos dela, não vi mais nada até sentir aquele abraço apertado, a força de quem quer transmitir num só gesto tudo que os últimos meses carregaram, a vontade de mostrar "estou aqui e não vou fugir". Essa Teresa do fórum era agora real e não fugiu, continua aqui, todos os dias e todas as horas a fazer-me acreditar.

Portugal jogou nesse dia, o Quaresma marcou aos 117 minutos e houve mais um abraço, este sentido como os que se dão aos amigos de infância e com brilho nos olhos , já não havia dúvidas, a empatia tinha chegado ao mundo real.

Afinal as linhas tortas podem mesmo valer a pena, há sempre "sítios direitos" à espera, há sempre razão para acreditar, há sempre algo que faz valer a pena.
 A Teresa não me conhecia de lado nenhum, a Teresa abriu as páginas da vida dela, eu abri as páginas da minha. Agora estamos ambas aqui, prontas para que vocês "as leiam".

Rita

3 comentários:

  1. que bom ler isto, fico feliz pela vossa amizade, gostava de ter uma amiga assim

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  2. que bom ler isto, fico feliz pela vossa amizade, gostava de ter uma amiga assim

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    1. Como podes ver pelo texto, a nossa amizade surgem do nada, é assim que muitas vezes as grandes amizades surgem ! Nenhuma de nós contava com isto e aconteceu... Só temos que estar disponíveis e deixar acontecer.

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