terça-feira, 19 de julho de 2016

Conheci a Rita por causa da fase marada. Mas como?


Muitas têm sido as pessoas que nos questionam a propósito da forma como  nos conhecemos. Como é que, de repente, ficámos tão amigas? Nós compreendemos a pergunta – é uma história pouco convencional e inesperada. Mas é uma história que nos fez acreditar no cliché de que “há males que vêm por bem”. Ou, pelo menos, que há coisas verdadeiramente boas no meio de qualquer cenário negro.

Às vezes, o desespero leva-nos a fazer determinadas coisas que, outrora, juraríamos a pés juntos não fazer. Ou, melhor ainda, coisas que nunca imaginaríamos  poder vir fazer.

Tudo começou quando eu, Teresa, movida pelo desespero, me inscrevi num fórum chamado “ansiosos.org”. Acreditei que, talvez, ler histórias de outras pessoas e partilhar a minha própria história me pudesse, de alguma forma, ajudar. A verdade é que me enganei – não me ajudou, pelo contrário, e muito rapidamente desisti da ideia do fórum.

Porém, uma vez que estava inscrita no fórum, a cada vez que uma mensagem nova era lá publicada, eu recebia um aviso no meu e-mail. Como devem imaginar, recebia variadíssimos avisos. Quase nunca os abria – iam diretos para o lixo. E eu, que sou uma cética confessa, que não acredito no destino nem em coincidências, dei por mim, um dia, quando a fase marada já tinha passado, a abrir um desses avisos. E li a mensagem nova que tinha acabado de ser publicada no fórum. De uma ponta a outra. Ainda hoje, não sei porque o fiz. Mas ainda bem que o fiz.

À medida que ia lendo a mensagem da Rita, o espanto e a comoção apoderaram-se de mim. Lembro-me de estar, literalmente, de boca aberta, enquanto lia. Afinal, havia alguém a passar pelo mesmo que eu. Com uma história tão, mas tão parecida. Eu já estava boa, mas a Rita não estava. E eu, que não fazia a mínima ideia de quem seria esta tal Rita, pensei imediatamente: “tenho de fazer alguma coisa por esta rapariga”.

A Rita não me conhecia de lado nenhum. Nem a minha cara tinha, sequer, visto. Mas a Rita confiou em mim – o desespero pode, de facto, ter um grande impacto nas nossas vidas. A Rita deixou que eu, através da minha história pessoal e do meu testemunho real, a ajudasse.



A partir daí, tudo foi tão fácil. Tão natural. Tão intuitivo. A ajuda passou, claramente, a ser recíproca e, mais do que isso, deixou de ser só ajuda: a ajuda transformou-se em amizade.

Foi assim que foi ganhando cada vez mais força a ideia de criarmos um blog. Este blog. Porque sabemos que vale a pena. Porque nós somos a prova de que há mais gente a passar pelo que nós passámos. E nós bem sabemos que não são raras as vezes em que achamos estar sozinhos, em que achamos que somos os únicos e que nunca, ninguém, nos vai conseguir compreender.

Teresa

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